ABORTO
Não te escondas, não dissimules mais...
Já foi o bastante a tua máscara vil.
Se continuas a usar a mesma de antes,
Usarás agora, usarás depois.
Cantas tuas canções?
Danças ao som de tuas musicas?
Elas não te farão bem.
Soará no inconsciente
daquele para quem cantas agora.
Certamente tu não cansaste de senti-las.
E ouvirás prá sempre, martelando,
ao tom das mentiras ditas.
Isso não foi reinventado, não foi criado.
Não poderá jamais haver outro bailarino
a dançar sob o som das antigas melodias.
Porque ninguém saberá tocá-las de novo.
Ninguém renunciou se dando.
Esculpiu assim uma bandeja de esperanças.
E nessa falta de oferta,
nada renasceu como sempre renasceria,
cantando, dançando em nuvens, voando,
e com anjos sonhando,
amando... amando... amando sempre.