quinta-feira, 21 de novembro de 2013

ABORTO


ABORTO


Não te escondas, não dissimules mais...

Já foi o bastante a tua máscara vil.

Se continuas a usar a mesma de antes,

Usarás agora, usarás depois.


Cantas tuas canções?

Danças ao som de tuas musicas?

 
Elas não te farão bem.

Soará no inconsciente

daquele para quem cantas agora.

Certamente tu não cansaste de senti-las.

E ouvirás prá sempre, martelando,

ao tom das mentiras ditas.


Isso não foi reinventado, não foi criado.

Não poderá jamais haver outro bailarino

a dançar sob o som das antigas melodias. 

Porque ninguém saberá tocá-las de novo.

 
Ninguém renunciou se dando.

Esculpiu assim uma bandeja de esperanças.

E nessa falta de oferta,

nada renasceu como sempre renasceria,

cantando, dançando em nuvens, voando, 

e com anjos sonhando,

amando... amando... amando sempre. 

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

FALAM

FALAM

Falam de mim, tanto falam,
Que falam até o que não sei...
Se falam muito, o que muito falo
Falam também que não falei
Quero que falem e que calem
Que muito falem, por que já calei.
Quero que fique o que eu já pequei...
E de mim, que tanto de mim sabem,
Quero que saibam o que ainda não sei...

DÚVIDA

DÚVIDA

Eu vou por este sol-a- pique
Todos os dias que Deus dá
É cotidiano do meu ensolarar
Aqui na terra é muito forte
O sol que Deus nos dá.
E você não morreria por mim?
Como ninguém tenha
Até hoje morrido,
Uma morte por mim?

POEMA DE LUISA

POEMA DE LUISA

Luisa de branco é a nata, a escol.
Belo botão a desabrochar...
É o prodígio da vida
E o de ser mulher...
Sopro suave do vento.
Cabelos de mel
Derramados do céu!
Veio trazer alegria
E inspirar poesia!
Sinto teu perfume.
Doce fragrância!
Te vejo iluminada.
Igual a uma criança...
Passeias descalça em meu sonho.
Luisa é o sal,
Que dá sabor a vida
E o doce que anestesia as feridas!
É luz na escuridão!
Um conforto, o alivio da dor.
Luisa é o sossego em flor!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

MINHA CICATRIZ

MINHA CICATRIZ

O Vento bate forte.
Frio e cortante sobre mim.
Embarga a minha voz e o meu peito.
Seu silvo arrebatador me aniquila.

Estou só! Mais uma vez a solidão!
Mais uma vez a feroz incerteza!
Mais uma vez a cruel ilusão!
Sucede a mim grande fraqueza.

Quando olho para trás nada mais vejo.
E não sei bem porque eu fui olhar.
Se em meu peito já morreste, creio.
A lembrança de você hoje é um beijo!

Afasto-me de todos e de tudo...
Essa minha cicatriz aberta ainda dói.
Somente um remédio, somente uma cura,
Somente uma alma pura que me dê a mão.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

ISSO NÃO TEM LÓGICA ALGUMA

ISSO NÃO TEM LÓGICA ALGUMA

Estava eu a salvo,
Sobre um tapete a exibir
A inaudita trama:
Talvez por um fio
Escapou-me a lógica mordaz...
Tampouco sucumbi à voracidade
De uma fera animada por vazios.

Isso já são horas?
Devo retomar ao esforço errante?
Estou mesmo a salvo?
Não sei se devo exibir-me.
Em se falando de lógica,
Salvar-se de uma fera
Não tem lógica alguma...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

JÁ NÃO EXISTE MAIS

JÁ NÃO EXISTE MAIS

Prefiro o silêncio cômodo, pensado...
Prefiro o silêncio calado, ausente...
Prefiro valer-me das lágrimas
Do que viver o rancor em que vives
Ainda que,
Ninguém precise inteirar-se do meu pranto
Nunca se pensou
Que as coisas não durassem para sempre,
Tampouco nos demos conta
— Mesmo que tardio —
De que as lágrimas
São a forma mais discreta de dissolver paixões.
Desde então nós lamentamos,
Mas eu já não choro mais.
As palavras chegaram um tanto tarde
Quando suas mãos já não possuíam as minhas
Então, chegou o inexorável fim,
Do que um dia foi e hoje já não existe mais.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

ONDE MORA A DOR DA VIDA?

ONDE MORA A DOR DA VIDA?


Onde mora a dor da vida?
Não sei,
Não sei por que é difusa a dor.
Como ela dói,
A dor da vida.
Ser orgulho,
Ser uma águia na subida
Ou não ser nada, tanto faz.
O pensar dói.
O Sonhar dói.
O transformar-se sempre dói.
Onde mora a dor da vida?
Não sei.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

POR MÚSICA

POR MÚSICA

Meus versos são como
Uma partitura musical.
São nada mais que uma
coleção de símbolos a traduzir-se.
O meu leitor é o grande músico.
No entanto,
O meu espírito em
Seu estado natural deixo ficar.
Não me servem os pensamentos
Que o agitem,
Tampouco, os que me dão tristeza.

quarta-feira, 30 de março de 2011

SOLIDÃO

SOLIDÃO

Solidão dorme e acorda comigo
Maltrata meu sono, me deixa acordado
Como o padeiro amassa o pão,
Sova meu corpo o mais que pode.

Solidão pisa-me com teus pés,
Tira o máximo do meu coração.
Como o viticultor tira das uvas,
Enche a minha boca com teu vinho.

Solidão, solidão, solidão...

DEPOIS DE TUDO

DEPOIS DE TUDO

Depois de tudo o que passou
Se só tratou-se de deitarmos,
Se só tratou-se da carne
Então, para que chorar?

Depois de tudo o que passou.
Resplendor do enforcado sobrevivente.
Aborto de um príncipe esperado.
Paga insignificante dos que se suicidam.

 A ilusão prazerosa do fazer,
Sonho corroído por distâncias,
Nuvem de verão, relampejar,
Águas de março e morte!...

INCOMPREENSÍVEL

INCOMPREENSÍVEL

Minha alma guarda um sentimento

Como o corpo guarda um coração.

Se arrancar o sentimento a alma morre

Como o corpo morre sem o coração.

Incompreensível sentimento meu

Como foi colocar-se aqui dentro?

Não sei!

 

terça-feira, 15 de março de 2011

O SOL TEM UM SIGNO A QUE NOS SERVE

O SOL TEM UM SIGNO A QUE NOS SERVE

O sol tem um signo a que nos serve:
Aquece como esfregar a tua pele nua em meu corpo
Os braços a apertar em volta de mim, como se para provar
Que a minha possibilidade de fuga não existe...
Que o medo de acreditar que tudo isso é um sonho irreal.
Esse medo de me perder que hoje te faz temer
É o mesmo medo que me assombra em todas as noites.
O sol tem outro signo a que nos serve:
Serve para intensificar a doçura de seus beijos
Quando os seus olhos nadam nos meus a me devorar.
É por que não entendem que os meus também te devoram...

quarta-feira, 9 de março de 2011

VESTÍGIOS


VESTÍGIOS

Vou-me embora deixando o mundo.
Deixando pedaços de mim,
Por onde ando restam fragmentos
De cada passo do trajeto,
Carrego as lembranças e as sombras,
Também carrego uma luz brilhante
Que cavalga as minhas ausências.
Nesse mundo de abandono,
À medida que viro a esquina,
Aproximo-me mais do final do ciclo
Penetro em uma nova era,
Na qual, só cabem as minhas pegadas
E os vestígios do que habita em mim.