quarta-feira, 30 de março de 2011

SOLIDÃO

SOLIDÃO

Solidão dorme e acorda comigo
Maltrata meu sono, me deixa acordado
Como o padeiro amassa o pão,
Sova meu corpo o mais que pode.

Solidão pisa-me com teus pés,
Tira o máximo do meu coração.
Como o viticultor tira das uvas,
Enche a minha boca com teu vinho.

Solidão, solidão, solidão...

DEPOIS DE TUDO

DEPOIS DE TUDO

Depois de tudo o que passou
Se só tratou-se de deitarmos,
Se só tratou-se da carne
Então, para que chorar?

Depois de tudo o que passou.
Resplendor do enforcado sobrevivente.
Aborto de um príncipe esperado.
Paga insignificante dos que se suicidam.

 A ilusão prazerosa do fazer,
Sonho corroído por distâncias,
Nuvem de verão, relampejar,
Águas de março e morte!...

INCOMPREENSÍVEL

INCOMPREENSÍVEL

Minha alma guarda um sentimento

Como o corpo guarda um coração.

Se arrancar o sentimento a alma morre

Como o corpo morre sem o coração.

Incompreensível sentimento meu

Como foi colocar-se aqui dentro?

Não sei!

 

terça-feira, 15 de março de 2011

O SOL TEM UM SIGNO A QUE NOS SERVE

O SOL TEM UM SIGNO A QUE NOS SERVE

O sol tem um signo a que nos serve:
Aquece como esfregar a tua pele nua em meu corpo
Os braços a apertar em volta de mim, como se para provar
Que a minha possibilidade de fuga não existe...
Que o medo de acreditar que tudo isso é um sonho irreal.
Esse medo de me perder que hoje te faz temer
É o mesmo medo que me assombra em todas as noites.
O sol tem outro signo a que nos serve:
Serve para intensificar a doçura de seus beijos
Quando os seus olhos nadam nos meus a me devorar.
É por que não entendem que os meus também te devoram...

quarta-feira, 9 de março de 2011

VESTÍGIOS


VESTÍGIOS

Vou-me embora deixando o mundo.
Deixando pedaços de mim,
Por onde ando restam fragmentos
De cada passo do trajeto,
Carrego as lembranças e as sombras,
Também carrego uma luz brilhante
Que cavalga as minhas ausências.
Nesse mundo de abandono,
À medida que viro a esquina,
Aproximo-me mais do final do ciclo
Penetro em uma nova era,
Na qual, só cabem as minhas pegadas
E os vestígios do que habita em mim.

quinta-feira, 3 de março de 2011

SAUDADE.

SAUDADE.

Saudade? Tenho de mim.
Quando cantava aquela canção
Que dava arrepios.
Hoje procuro me encontrar
Naquelas velhas palavras
E não me encontro.
Saudade? Tenho de mim.
Passam os anos
E procuro ver meu rosto
A cada dia estou mais velho,
Mas minha alma vibra o novo
Saudade? Tenho de mim.
Busco o que perdi
Não encontro o que serei
E já perdi o que antes fui
Saudade? Tenho de mim