segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

SENTENÇA

SENTENÇA

Isto é o que não concordo
Ficar aqui em plena rua
A testemunhar a uma vida
Quando todos estão mortos.

Estar no cerne do mundo.
Dizer do alto das estrelas
O quanto a poesia é triste...
E a poesia é feita de estrelas.

Estar no cerne do mundo
Dizer que a chave do mundo
Está na sua porta pendurada
Mas, pelo lado de fora...

Enquanto nós,
Já não cabemos no mundo
E a chave da sua porta
É a chave do mundo...

MONÓLOGO AO MAR

MONÓLOGO AO MAR

Mar verde de minha terra
Te observo desta torre fria
De alvenaria e já envelhecida.
Não permita que o tempo
Apague as minhas pegadas!
Receba esta estrela guia
E guarde-a na tua areia branca
Que se origina dos cristais.
Afasto-me de ti, mar impaciente.
Afasto-me das tuas ondas.
Permita-me partir!
Que te prometo.
Olho para ti até que a tua água verde
Não mais alcance o meu olhar.
Não mais umedeça meus olhos...
Pela memória de ver-te
E a tristeza de afastar-me de ti.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

POBRES COITADOS!

POBRES COITADOS!

Disparo minha voz
Contra as metralhadoras
Que disparam balas matadoras,
Ao mesmo tempo que as minhas mãos
Eu lanço contra a dor do homem.
A dor da descoberta
De ser um super-homem frágil
E que vive na periferia do universo.
Não no centro.
Me apiedo daqueles que não têm nada,
Mas, me apiedo mais daqueles
Que pensam que têm tudo.
Pobres coitados!
Depois do enterro
Nada lhes sobra.
Somente uma cova escura!
Pobres coitados!

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

DEVANEIOS

DEVANEIOS

A quem estimular as tuas quimeras, diga sim!
Deixe que as encorajem!
Ria muito dos teus sonhos!
Já que neles vão marcados
Os vestígios de tua consciência
À espera do despertar!

O BEM QUERER QUE NUNCA SE APRENDE!

O BEM QUERER QUE NUNCA SE APRENDE!

O amor é que me levou a esta condição,
Não quero e nem posso entregar-me;
Muitas armas eu possuía e me vi rendido,
Dei-lhe a razão para poder vencer-me...

Nasci um homem e por isso era eu tido,
Deram-me a minha arte nobre para socorrer-me,
Deram-me tempo na minha vida eu ganhei sentido
E a tudo desprezei e optei por perder-me...

Que grande mal que o individuo sente
Ao afastar-se de si mesmo, não se arrepende.
Sabe bem o quão pouco e o que o espera.

Sabe que vive e deverá morrer desta maneira,
De causas naturais ou de’um acidente,
Ou então do bem querer que nunca se aprende!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

PARA QUE ESCREVER POEMAS DE AMOR?



PARA QUE ESCREVER POEMAS DE AMOR?

Para que escrever poemas de amor?
Se há sido escrever um poema um ato cotidiano?
Para que escrever poemas de amor?
Sem a solidão para iludir a ilusão,
Eu me alimento e bebo os poemas que faço.
Feito sopa e feito goles de vinho,
Que é o que me alimenta todo dia.
Rio ao ver como se esquenta verso ao fogão
Ou como se esfriam dentro da geladeira
Minha próxima obra completa.
Cozinhando simplesmente tudo,
Escrevo poemas de amor e os cozinho,
Para não tornar rotineira a minha ação
E fico só no meu quarto
A pensar na ilusão dos meus amores vãos.
Para que escrever poemas de amor?

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O QUE FICOU...

O QUE FICOU...

O que ficou para trás ficou...
O que se foi não volta mais.
“Águas passadas não movem moinhos”.
Tampouco molharão mais os caminhos.

Se de repente volta ao presente.
Com sua insaciável gula de elefante,
Não muda mais o que foi buscado
Nem o que seremos à frente.

Sem o que passou nada sou,
Não me conhece o mar, a areia,
Não me conhece a sereia,
Ao que cheguei.
O que sou...

O passado não irá mudar mais.
Mas se vai modificar o presente.
O futuro, daqui pra frente.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

MINHA CASA

MINHA CASA

Construí minha casa
Parte sobre pedra,
Parte sobre areia.
Acho que cometi um erro!
Com a primeira cheia do rio,
A areia se foi,
A pedra ficou,
Mas todo dia a pedra
Bate na minha cabeça.
Então, fico me perguntando:
Se vale a pena construir casas
Ou se vale ser na beira do rio.

VIDRAÇA DO MEDO

VIDRAÇA DO MEDO

Chuvas, esperadas chuvas.
Lava o teu rosto à chuva!
Como se lava uma janela de vidro.
Lava esse rosto
Condenado ao sofrimento.
É o teu rosto de revolta.
Lava esse rosto
Condenado à tristeza.
É o que tens no momento.
Lava essa vidraça do medo.
Não te quero mal.
Quando chove dói-me tanto
Mas me sinto bem...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

PALAVRAS DOCES

PALAVRAS DOCES 

Tempo!
Cura-me de ti!
Transpõe-me!
Traspassa-me!
Com todo teu silêncio.
Tempo!
Clareia-me
De estrelas,
De constelações,
De galáxias.
Tempo!
Transforma-me no monarca
De todos os relógios.
E que de minhas pulseiras caiam
As jóias mais preciosas...
E que de meus cabelos
Brotem todas as estrelas,
Transformadas em palavras doces.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

NÃO HÁ SIGILO QUE NÃO SE CONTE

NÃO HÁ SIGILO QUE NÃO SE CONTE

Antes que minh’alma trema em tuas mãos
Antes que minh’alma fuja do teu caminho
Deixe-me partir para bem longe.

Não há sigilo que não se conte
Quando não há mais tempo para nada
E tudo está definitivamente perdido.

Fizemos silêncio dos teus segredos
O que havia de mais escondido
Foi tudo revelado, demos a conhecer,
A todos, de tudo o que se passou.
Uma coisa dentro de mim
Planejava estar longe após a explosão!

NÃO HÁ SIGILO QUE NÃO SE CONTE

NÃO HÁ SIGILO QUE NÃO SE CONTE

Antes que minh’alma trema em tuas mãos
Antes que minh’alma fuja do teu caminho
Deixe-me partir para bem longe.

Não há sigilo que não se conte
Quando não há mais tempo para nada
E tudo está definitivamente perdido.

Fizemos silêncio dos teus segredos
O que havia de mais escondido
Foi tudo revelado, demos a conhecer,
A todos, de tudo o que se passou.
Uma coisa dentro de mim
Planejava estar longe após a explosão!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

BOMBAS ATOMICAS

BOMBAS  ATOMICAS


Mover-se em um território desconhecido.
Avizinhar-se um do outro devagar.
Não querendo tal coisa, procurando evitar.
E, no entanto, voltando a ter-se de novo.
Por que existe lugares onde o desejo é tanto
Que é passo essencial ser muito perigoso.
O ir ou o não ir torna-se sem importância.
Uma folha em vôo é mais bela que o tempo.
Hoje estamos vazios e tão repletos como antes
Afogados em nuvens e quentes como o fogo.
Chuva ácida dos desertos sob campos verdejantes.
Tormenta sobre o olho de um furacão,
Que dorme e não se fecha nem sonha.
Acalma-se com a mudança das correntes.
Destruindo antes tudo o que encontra no caminho.
Como bombas atômicas passíveis de detonar!
 

UM SUICÍDIO SECRETO

UM SUICÍDIO SECRETO
Esse rosto, muitas lembranças...
Um apego enorme invade o meu ser.
Seus traços, seus abraços,
Sem rastros, sem esperanças.
Foi só um esboço e o esforço,
Que fiz e que faço e me cansa!
Esforço em pão, na carne e em osso.
Lágrimas que não consigo chorar.
Tristezas profundas, que em suma,
Não foram feitas para se passar.
Nossa pele quente, nosso peito aberto,
Hoje é deserto. Hoje é descrente.
Foge da desgraça que chegou por perto.
Em nosso rosto criam-se marcas,
Muitos cortes, como fossem feridas a faca,
Nenhum desespero secreto. Não!
Mas, há algo que encara a alma minha,
É o destino certo. Um suicídio secreto:
É ter que ficar longe de alguém que se ama.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

GÉLIDAS FLORES

GÉLIDAS FLORES

Gélidas flores à beira da estrada
Que me leva ao teu refúgio.
Por onde passo, vejo tudo a murchar.
Como se fora o nosso amor
Que de tão esguio
Esfriou, congelou e morreu...

Meus sonhos já não me bastam.
Tenho um longo caminho a palmilhar,
Além destes singelos desejos .
Minha trilha é uma estrada muito longa,
Mas, com um belo jardim
No qual pássaros e flores estão vivos!

GÉLIDAS FLORES

GÉLIDAS FLORES

Gélidas flores à beira da estrada
Que me leva ao teu refúgio.
Por onde passo, vejo tudo a murchar.
Como se fora o nosso amor
Que de tão esguio
Esfriou, congelou e morreu...

Meus sonhos já não me bastam.
Tenho um longo caminho a palmilhar,
Além destes singelos desejos .
Minha trilha é uma estrada muito longa,
Mas, com um belo jardim
No qual pássaros e flores estão vivos!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

OS TEUS PASSOS

OS TEUS PASSOS
 
Sob a lua, circunspecta lua.
Lá em cima por sobre os telhados.
Úmidos pela chuva do dia anterior 
Só o orvalho.
Nas ruas, solitárias,
Os cachorros e os gatos.
Desaparece na minha vista
O resto do meu ânimo
A cada passo que dás.
 

O CARNAVAL COMEÇOU!

O CARNAVAL COMEÇOU!

O carnaval começou!
Soam os clarins!
Geme a cuíca!
Batucam os tamborins!
Toca o surdo em marcação! 
É alegre o movimento!
O corpo responde às sonoras vibrações,
São músicas, danças e canções!
Quem as leva em suas ondas é o vento.
O carnaval começou!
Surge o movimento que arrasta grandes multidões
E nos preenche de sonhos.
O carnaval começou!
Ele é que saúda em seu delírio o pensamento
E o tempo inexorável com as suas horas
                                                         [e seu pequeno reinado,
Lavam as almas e limpa a sujeira e,
Joga ao inescrutável abismo a tristeza e
Todo ano de lutas e decepções
O carnaval começou!
No momento em que as paixões são confundidas
E o lamento segue o seu habitual percurso
Semeando meras alegrias e enormes ilusões.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

SEM REMÉDIO

SEM REMÉDIO

Sei que alguma vez fui um flamboyant.
Posso ter sido uma flor de mandacaru.
Quem sabe uma chuva fria?
Ou uma âncora de navio? Um coqueiro?
Talvez um inseto preso no orvalho?
 Sei que alguma vez fui uma flor silvestre...
Que fui um barco à deriva no mar.
Um vulcão...  
Posso ter sido você!
Mas, às vezes, quando submetido às intempéries.
Tenho a impressão que isso não importa
Se aqui dentro conto coisas que não têm remédio.

O PROFETA E SEU TEMPO

O  PROFETA   E  SEU  TEMPO

Não sou de nenhuma galáxia.
Vivo num tempo que virá.
Sou de outro século.
Sou vida hoje e sou amanhã.
Sou eu quem vai jogar tudo fora.

Mas, quando eu morrer,
Um profeta lhe dirá que existiu
Um menino amoral e apátrida.
Um menino com vermes na barriga.
Daí haverá amanheceres em nebulosas.

No futuro, muito cuidado!
Quando o cometa possa de novo passar.
Então, o ventre que me aguarda,
Estará no cerne da catedral das trevas.