OS POETAS VELAM O SILÊNCIO.
Descobri que alguns poetas velam o silêncio.
Permanecem encerrados em casulos como as borboletas.
Alguns criam cascas e endurecem feito as nozes.
Descobri que depois descascam e caem aos pedaços,
Outros se tornam árvores de folhas mortas
E se entregam ao vento.
E sucumbem devolutos no outono.
Descobri que alguns poetas velam também a vida.
Acomodam-se ao ânimo da coisas, sofrem, riem.
Os poetas velam o silêncio.
Olham a vitrina das lojas,
O jardim florido,
A janela da cozinha.
Embora mortos, inanimados aos olhos, não os são!
Quando o dinheiro perde a importância
[que nunca teve
E o tempo sai da medida.
Quando se rompem todas lides do desafio.
Quando antes e depois do tudo, onde havia o nada.
Quando somente um olhar os sobra.
Quando naquele instante que somente resta a poesia.
Então, o relato desse instante, do agora, basta.
Quando é a palavra que se torna recôndita
[e se esconde em algum lugar do corpo.
Aí, os poetas velam o silêncio.
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