segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

NARCISO E O ESPELHO

NARCISO E O ESPELHO

Fiz do amor um sonho para não morrer sozinho.
Afundei-me no espelho de minha própria voz.
Como Narciso, tornei-me meu único algoz,
Ao mergulhar num lago a procura de carinho.

Narciso desejando que o mundo o abandonasse
Via somente os teus olhos neste lago frio.
Espelho manso que me atraia para um rio.
De caudalosas águas sem que nunca esperasse.

Ser uma caverna onde minha palavra ecoava,
Tornado-se incompreensível qualquer apelo,
Para todo aquele que próximo de lá passava.

Narciso despertava em sua boca sons semânticos
Desejando que o mundo o abandonasse...
Na espera que seu eco fosse ouvido como cânticos.

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