PALAVRAS
Pediram-me para fechar a porta.
Eu calmamente a abri.
Não posso dizer que não posso.
Eu calmamente a abri.
Não posso dizer que não posso.
Não vou dizer que não estou.
As palavras. Ah, as palavras!
Um labirinto mágico.
As palavras. Ah, as palavras!
Um labirinto mágico.
Que se volta mil vezes atrás.
Quanto mais se fala,
Mais se tem que voltar atrás.
As poucas que proferi,
As poucas que proferi,
Tive que retornar.
Transformei-me num náufrago
Que afundou no rio da infância.
E eu aí, abrindo a porta,
O coração, a boca.
Abrindo as lágrimas que me secavam.
E eu aí, anoitecido, rubro de desejo.
E eu aí, abrindo a porta,
O coração, a boca.
Abrindo as lágrimas que me secavam.
E eu aí, anoitecido, rubro de desejo.
Mesmo assim,
Não posso dizer que não posso,
Não vou dizer que não estou.
Não posso dizer que não posso,
Não vou dizer que não estou.
A linguagem está de pé.
As palavras estão de pé.
Aí, decido fechar a porta.
Aí, decido fechar a porta.
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